Gabriel García Márquez: 3 livros essenciais para conhecer o autor e mais 10 recomendações

Único escritor colombiano a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, com o qual foi laureado em 1982, as obras de Gabriel García Márquez são marcadas pelo realismo mágico. Mas o que exatamente isso significa? Segundo a doutora em Estudos Literários, essa é a junção de elementos míticos ou fantásticos, narrados como acontecimentos cotidianos.

“O legado do escritor colombiano está atrelado ao realismo mágico, que desafiou as fronteiras entre realidade e ficção, ampliando as possibilidades da linguagem literária, além de possibilitar o reconhecimento da literatura latino-americana como uma força estética e política”, enfatiza Michelle.

E esse estilo está inevitavelmente presente em suas obras mais vendidas no Brasil. Segundo o Grupo Editorial Record — que tem os direitos para publicação em português, no país, das obras do autor —, García Márquez contabiliza mais de 3,5 milhões obras vendidas no Brasil, considerando livros físicos, e-books e audiobooks. E, atualmente, os ranqueiam no top 3 de best-sellers do escritor colombiano são: Cem Anos de Solidão, Amor nos Tempos do Cólera e Memórias de minhas Putas Tristes.

Para quem quer começar a ler Gabriel García Márquez, a autora de História e Memória em Gabriel García Márquez recomenda os contos do autor como porta de entrada. “O escritor possui várias obras que reúnem contos e eu indicaria os livros Os Funerais da Mamãe Grande e Doze Contos Peregrinos, que são interessantes como contato inicial”, cita.

Além disso, ela destaca o conto “Isabel vendo chover em Macondo”, presente na obra Olhos de Cão Azul. ” Nesse conto, já estão presentes vários elementos característicos da obra de García Márquez, que serão mais desenvolvidos no romance Cem Anos de Solidão“, explica.

Michelle explica que, quem decidir se aprofundar no legado de Gabo vai encontrar obras que questionam narrativas históricas hegemônicas e exploram as complexas relações entre poder, memória e identidade na América Latina e Caribe. “García Márquez aborda questões que continuam centrais na experiência humana como o amor, a solidão, o isolamento social, a velhice, os mecanismos do poder e do autoritarismo, a memória e o esquecimento”, destaca.

As indicações dela vão além de Cem Anos de Solidão — obra mais conhecida do escritor: “Cito aqui os romances: Ninguém Escreve ao Coronel, O Outono do Patriarca, O General em seu Labirinto, Do Amor e Outros Demônios, O Amor nos Tempos do Cólera, A Revoada, O Veneno da Madrugada, além de Crônica de uma Morte Anunciada“.

Dentre as indicações, a especialista destaca O Outono do Patriarca como uma obra subestimada e que merece mais atenção dos leitores. “O romance funde em um único personagem, o patriarca, vários ditadores latino-americanos, em temporalidades múltiplas. Além de ser uma obra prima em termos estéticos, por sua construção sem pontuação, como um grande poema, também aborda temas caros ao continente”, analisa.

Sobre essa obra em questão, Michelle teve a oportunidade de se aprofundar e o resultado foi o livro O Outono do Patriarca de Gabriel García Márquez: um Estudo Crítico.

Para quem aprecia ler García Márquez e quer descobrir novos autores com uma pegada semelhante, Michelle faz algumas recomendações.

“Indicaria a leitura das obras de Isabel Allende, também latino-americana, conhecida por romances como A Casa dos Espíritos e De Amor e de Sombra. Também o colombiano Juan Gabriel Vásquez, que publicou vários romances, dentre eles O Ruído das Coisas ao Cair“, elenca.